Impactos da infância na autoestima

12 de Setembro de 2022

São muitos os fatores que impactam a nossa autoestima. Eles podem acontecer durante o desenvolvimento da nossa infância e adolescência, assim como ainda na fase intrauterina ou antes mesmo de nascermos. Sim! Herdamos muitos comportamentos e formas de ver o mundo de nossos ancestrais, por exemplo, mas isso é assunto para outro artigo. Neste, quero abordar a fase da infância, estendendo para a adolescência, para mostrar como a nossa autoestima é diretamente impactada a partir dos nossos relacionamentos.

A criança constrói uma ideia sobre si baseada na forma como é tratada e percebida pelas pessoas às quais ela confere o papel de autoridade, especialmente àquelas mais próximas, como seus cuidadores, pais e/ou outros. Se eles a enxergam como inteligente, bonita e agradável, ela provavelmente acreditará nisso. O mesmo acontece quando a veem como burra, preguiçosa ou irritante. O olhar do outro sobre a criança e a maneira como ela o interpreta, influencia diretamente a imagem que ela vai levar de si para a sua vida adulta. E na adolescência, surgem novas influências vindas dos amigos e grupos que frequenta.

Muitos acontecimentos ou formas de tratamento abusivas e repetitivas nos relacionamentos podem gerar traumas. Esses podem fazer com que a criança não se sinta amada, não incluída e, consequentemente, desvalorizada. Estudos mostram o quanto isso pode desencadear em uma baixa autoestima.

Quando se trata de violência ou abuso, a criança que cresce nesses ambientes aprende desde pequena que não pode confiar nas pessoas e que o mundo não é seguro. Muitas vezes pode até se sentir responsável pelas coisas ruins que acontecem ao invés de culpar os responsáveis. Isso afeta a sua percepção sobre a sua própria competência e, portanto, sua autoconfiança.

A maior parte de nossas crenças limitantes vêm da nossas infância e adolescência. A partir delas, arrumamos mecanismos para nos proteger. São comportamentos que quando adotados foram úteis e extremamente necessários para a nossa sobrevivência, mas que à medida que crescemos perdem sua utilidade e sentido, passando a nos limitar. Por isso, trabalhar nossas crenças é um grande passo para lidar com traumas que continuam afetando negativamente a nossa vida.

Uma das principais maneiras de melhorar sua autoestima é mudar a forma como você se vê. Pode parecer fácil para alguns, mas para outros é uma das atividades mais complicadas que existem. Se hoje você acredita que não faz nada certo, que tem dedo podre ou que é insuficiente, entre outras crenças, tente relembrar de momentos em que isso foi dito ou você interpretou a fala ou gesto de alguém como tal. É um bom começo para o autoconhecimento.

Muitas vezes não percebemos o quanto alimentamos uma conversa interna de forma negativa, nos desvalorizando e nos colocando para baixo sem nenhum dado de realidade. Se pessoas no nosso passado não foram capazes de te encorajar e te dizer palavras carinhosas, entenda que fizeram o que estava ao alcance delas, mas que nada do que foi dito é uma sentença decretada para a vida eterna.

Algumas dicas para se autoajudar:

- saiba que você pode escolher se amar. Se isso não estiver ao seu alcance, você pode procurar ajuda profissional e iniciar um processo de terapia que te ajude a fazer as pazes consigo mesma(o) e a reconstruir sua autoestima;

- na próxima vez que você se perceber tendo um diálogo negativo com você mesma(o), tente escolher palavras mais gentis;

- tente lembrar de eventos que distorceram a imagem que você tem de si mesma(o). Isso pode ser desconfortável, mas para melhorar sua autoestima, é preciso primeiro curar as feridas que ainda não foram cicatrizadas. Se sentir que as lembranças são dolorosas demais para tocá-las, não hesite em procurar ajuda profissional qualificada;

- escrever sobre suas experiências e emoções pode ser uma boa saída para o processo de cicatrização dos traumas. Ter um diário ou escrever cartas para aqueles que te machucaram podem ajudar a tirar um pouco da pressão que você carrega consigo. Pense nisso como um ritual de liberação dessas frases que ficaram com você e te acompanham até hoje;

- aceite-se. Saiba que você é perfeita(o) do jeito que é. Isso te possibilita lidar com suas emoções e não julgar o que você está pensando e sentindo. O que pode te ajudar a começar a se aceitar, é pensar na forma como você aceita os seus amigos. Nós aceitamos nossos amigos e familiares independente de seus defeitos e falhas, então por que não se aceitar também?!

- não se culpe pelo que aconteceu no passado, seja na sua infância ou há alguns anos, você se comportou da maneira que lhe foi possível. A única maneira de parar de se culpar é entender que o que aconteceu não foi culpa sua. Você não é responsável pela forma como as outras pessoas se comportam.

- lembre-se de que independente do que você sofreu no passado, hoje você tem condições de gerar sua própria segurança, pois você não é mais aquela criança nem adolescente. Ah, e você pode pedir ajuda!

Use o que não foi bom nos seus primeiros anos de vida como matéria-prima para o seu processo de cura para se tornar a melhor versão de si. Lembre-se de que você é perfeita(o) do que jeito que é, e de que seus defeitos não te definem, muito menos o que as pessoas dizem sobre você.