Você já parou para perceber que muitas vezes sustentamos uma imagem que achamos que as pessoas esperam de nós? Ou às vezes, internalizamos aquilo que estamos sentindo por medo do julgamento alheio? Em função disso, ao longo da vida criamos máscaras, consciente e inconscientemente. Buscamos proteção no mundo externo. Portanto, o processo de nos livrarmos dessas “cascas” é desafiador.
Às vezes achamos que deixar nossas emoções fluírem, sermos espontâneos e ir a fundo na nossa essência pode ser inconsequente. Contudo, ser fiel a si mesmo é a coisa mais nos exige coragem. Isso porque para nos livrarmos das máscaras que criamos, precisamos ter a consciência do porquê e para quê nos escondemos atrás delas, o que pode nos fazer entrar em contato com lembranças e sentimentos que nos incomodam.
Como sociedade, estamos sempre vivendo e ocupando diversos espaços, sendo esses físicos e relacionais. Aprendemos que devemos nos comportar dentro do esperado, como usar determinadas palavras, controlar nosso tom, a forma como nos vestimos, cortamos o cabelo, os livros que lemos, o que decidimos dividir nas redes sociais… todas essas facetas são afetadas de alguma forma pelas máscaras que construímos e carregamos com nós mesmos. Elas funcionam como lentes que influenciam a nossa maneira de ver o mundo.
Um dos principais motivos que nos levam a criar essas máscaras, é o medo de não sermos aceitos, amados e aceitos. Por isso, é normal que às vezes não sejamos 100% coerentes com quem realmente somos.
O medo de sermos julgados é o que nos leva a nos ocultar. Podemos nos comportar de forma mais fria para não mostrar vulnerabilidade. Muitas vezes agimos de forma diplomática e gentil para garantirmos nosso emprego ou a aprovação de alguém superior a nós. Nos esforçamos para fingir ser uma pessoa, quando de fato deveríamos estar mais ocupados com apenas sermos e quem somos na essência.
Essa busca pela aceitação dos outros acaba dando espaço a uma sociedade que valoriza mais as aparências do que os sentimentos reais. O que acontece é que mais cedo ou mais tarde, e em determinadas situações acaba sendo difícil esconder quem realmente somos. Quando somos provocados ao nosso limite, esse escudo que carregamos para todos os lados tende a desmoronar.
Dá mais trabalho manter esse disfarce do que aceitar que somos da maneira que devemos ser. Haja energia! Além disso, quando fingimos ser quem não somos estamos tirando o espaço das nossas virtudes únicas. Tudo isso, porque em algum ou alguns momentos da vida, acreditamos não sermos bons o suficiente.
As relações construídas a partir da sinceridade e da confiança são muito mais reais. Todos nós somos diferentes uns dos outros, mas até que ponto devemos esconder nossa verdade para proteger a nós mesmos, ou em muitos casos, o outro? É angustiante viver na expectativa do outro, medir suas ações por um termômetro que nem você mesmo sabe ler. Não devemos basear nosso bem-estar na aceitação do outro.
Nós não nascemos conscientes dos outros, isso resulta de um desenvolvimento. Em certa fase, tomamos consciência do que o outro pensa sobre nós. Percebemos que as pessoas à nossa volta têm vontades, desejos, quereres. Então começamos a querer agradar. Adotamos as máscaras daqueles que mais valorizamos, e na nossa infância esses costumam ser nossos pais. As meninas querem andar de salto alto, os rapazes querem torcer para o mesmo time de futebol do pai. Seria o primeiro ensaio de criação de máscaras?
À medida que crescemos passamos também a querer agradar nossa tribo de amigos, e isso vai até a nossa vida adulta. Passando por chefes, parceiros românticos e a maioria dos relacionamentos que construímos. Tendemos a perder nossa própria vontade e a nos basear no que esperam de nós.
A melhor forma de começar a perder a dependência dessas máscaras é praticar o autoconhecimento. Seja através da ajuda de um psicólogo ou conversando com amigos, o objetivo é entender o que fazemos quando não queremos agradar. O que fazemos quando ninguém está olhando.
Muito dificilmente conseguiremos nos livrar de todos esses escudos que usamos para nos proteger. Contudo, o autoconhecimento e a consciência de que eles existem já é um enorme passo para a sua melhor versão. Quando você começa a perceber que muito da forma com que você age é por causa dos outros, começa a se colocar em primeiro lugar.
Que tal aceitar que, sim, você se esconde atrás de máscaras? E que elas foram criadas por você? Da mesma forma como as adotou, você pode retirá-las. Escolha se livrar delas! Mostre quem você é, seja espontâneo e vulnerável. Vale muito a pena! Você veio ao mundo para contribuir com a sua melhor versão, use a abuse dela!