Coragem

04 de Agosto de 2022

Os primeiros contatos com a palavra coragem costumam acontecer logo na infância. Quem nunca viu nos super-heróis dos desenhos animados os representantes de força e coragem por enfrentarem vilões?

À medida que crescemos e nos conhecemos, percebemos que ter coragem é reconhecer e lidar com os nossos próprios “monstros” internos, ou seja, com a nossa vulnerabilidade. São esses “monstros” que nos impedem, na maioria das vezes, de enfrentarmos situações que nos amedrontam.

Ter coragem é se permitir sentir emoções sem que essas acabem com você ou te desviem do caminho que te levará onde deseja chegar. O que testemunhamos hoje é uma grande dificuldade, principalmente para os homens, de expressarem suas emoções. Na sociedade patriarcal, não lhes é permitido a demonstração de emoções consideradas fracas, como tristeza, medo e ternura.

A questão do gênero tem uma influência enorme na forma como a sociedade enxerga a coragem. Ainda é muito inserida na nossa cultura a crença de que os homens são os corajosos e que, para sermos considerados como tal, devemos nos comportar de forma masculina. “Não chore que nem uma mulher”, “Seja forte como um homem” ou “Parece uma mariquinha” são algumas das frases que costumamos escutar por aí. Crenças limitantes como estas fazem parte dos fatores que distorcem o nosso entendimento sobre coragem. Afinal, a coragem está justamente no movimento contrário que é o de reconhecer, aceitar e expressar nossos sentimentos.

No dicionário, o significado da palavra coragem gira em torno de ser a habilidade de realizar alguma coisa que te dê medo. Prefiro adotar o conceito de que coragem é agir com o coração diante das situações desafiadoras. Isso não significa ser irracional e atravessar a rua sem olhar para os carros ou sentir raiva e agir por impulso. Não é sobre ignorar os perigos e se colocar em uma posição arriscada. É sobre agir de acordo com o que está em sintonia com a sua essência. É construir a melhor saída para superar o sentimento de insegurança que te bloqueia. Para isso, é fundamental o caminho do autoconhecimento.

É somente quando você se conhece, que aprende a identificar seus medos e anseios e a lidar com eles. É quando você percebe que a vulnerabilidade abre portas para o seu fortalecimento e para um grande alívio, uma vez que tem a chance real de se libertar de das crenças que te pesam e te bloqueiam. Mais que isso, com o autoconhecimento você se torna capaz de lidar com novas situações que te demandem emocionalmente.

A psicoterapia EMDR, com a qual trabalho e sou grande fã pelos resultados que testemunho em meus pacientes, é uma abordagem que permite um profundo autoconhecimento e o desenvolvimento da inteligência emocional com poucas sessões se comparadas a outras terapias. Ela é comprovadamente eficaz para a cura de traumas e para o desbloqueio daquilo que te impede de seguir em frente. Vale a pena experimentá-la!

Você sabia que, na maioria das vezes, o medo é muito maior na nossa imaginação do que quando enfrentamos o acontecimento de fato?

Ter coragem é ir em frente mesmo quando tudo parece incerto. É aceitar a realidade, entender seus pontos fortes e aprender a ignorar o que não se pode controlar. Muitas vezes passamos uma vida inteira presos num emprego que não nos traz realização. Simplesmente por ser uma oportunidade boa de ganhar dinheiro e não ter que lidar com a crítica dos outros. Uma pessoa corajosa não se contenta com isso.

Ter coragem é ir atrás dos seus sonhos independentemente da idade que você tenha. É quando sente em seu coração que o que quer conquistar é essencial para você. É sentir que apesar das mudanças serem desafiadoras e incertas, é muito mais gratificante superá-las do que não as aceitar. E quanto mais você lida com essas emoções de insegurança, quanto mais persiste (não por capricho, mas pelo que realmente te importa), mais coragem você ganha. É quando você finalmente pode se olhar no espelho e se orgulhar em dizer “eu me aceito, eu me entrego, eu posso!”.