O trauma psicológico se desenvolve numa pessoa a partir de uma experiência dolorosa. Seu conceito vem da palavra 'ferida' em grego. Na psicologia, está relacionado a um acontecimento externo vivido como ameaçador que se repercute a nível psíquico.
A lembrança traumática é constituída por emoções, imagens, cheiros e sons, além de todos os sentimentos vivenciados no corpo no momento do evento perturbador. Ela é acessada quando uma situação qualquer faz a pessoa reviver as mesmas ou algumas das sensações vividas na ocorrência do trauma. É o que chamamos de gatilhos.
Muitos traumas são gerados por acontecimentos como acidentes, mortes, agressões físicas, verbais, entre tantas outras. Mas os maiores traumas são causados pelas pessoas que amamos, que podem ser nossos pais, amigos, parceiros e parentes. Isso, porque ninguém imagina ser traído ou maltratado por alguém que se ama e espera ser amado e cuidado. Diferentemente de um único acontecimento como um acidente, por exemplo, traumas vindos de pessoas importantes para nós costumam acontecer de forma repetitiva e, às vezes, de forma imperceptível, através de críticas, julgamentos e crenças limitantes, por exemplo.
Traumas acontecem com qualquer pessoa e em qualquer idade. Podendo se manifestar de formas diferentes de acordo com cada um. Você pode estar presente em um mesmo evento com outras pessoas, e ter uma reação completamente diferente da delas. Esses acontecimentos não são apenas aqueles que colocam você ou alguém próximo a você em situação de risco, perigo ou morte. Podem ser também aquelas situações que te deixam com uma sensação de sobrecarga, medo, insegurança…
A forma com que você é afetado por uma circunstância não tem nada a ver com quão forte você é. A sua reação depende de diversos fatores, como por exemplo traumas anteriores, estresses passados e até mesmo o suporte que você tem após a experiência negativa.
Quando estamos enfrentando um evento traumático, nossos corpos reagem de uma maneira para nos preparar para o pior. Isso é um mecanismo de sobrevivência automático e não temos controle sobre ele. As reações podem ser as mais diversas: brigar; ficar na defensiva; protestar; correr; escapar; paralisar; tentar agradar aqueles que estão te machucando; sentir-se sobrecarregado; sentir-se desconectado do seu corpo; e às vezes até desmaios. Fisicamente, o coração pode bater mais rápido, pensamentos vem com tudo, a respiração fica mais acelerada, visão pode parecer mais aguçada, náusea, mãos frias, tremedeira, tontura… Esses são alguns dos mecanismos que o corpo libera quando reage ao perigo, e isso pode ser extremamente desconfortável quando não sabemos o porquê deles estarem acontecendo.
Essas respostas do corpo acontecem durante o evento, e normalmente desaparecem minutos após o incidente. Contudo, como dito anteriormente, essas sensações podem se estender por muito tempo depois que o evento já tiver acontecido. Nossos corpos e mentes acabam ficando presos no modo de sobrevivência mesmo depois que a ameaça tenha passado. Muitas pessoas se veem revivendo e tendo flashbacks dos eventos. Ataques de pânico podem surgir, assim como problemas para dormir e sentir-se distante dos outros.
Os traumas podem ser a porta de entrada para o desenvolvimento de problemas mentais. O transtorno de estresse pós-traumático é um, assim como a automutilação, perda de memória, vícios, depressão… dependendo como as pessoas são afetadas, esses eventos podem ter efeito direto no cotidiano. Por exemplo, alguns podem se ver com dificuldade de confiar em pessoas, o que causa uma complicação na hora de manter relacionamentos e amizades. Pode ser que alguns tenham dificuldade de cuidar de si mesmos, afetando o trabalho ou até mesmo deixando de fazer atividades que deem prazer. A dificuldade de lidar com as emoções é uma reação bem comum também. Traumas afetam tanto nosso corpo como nossa mente. Diversos estudos já mostraram que eventos assim podem aumentar o risco de desenvolver problemas de saúde e doenças autoimunes.
Existem diversas formas de tratamentos, e dependendo do paciente alguns são mais indicados do que outros. A psicoterapia EMDR - Eye Movement Desensitization and Reprocessing, em inglês (Dessensibilização e Reprocessamento através do Movimento Oculares, em português) - é uma abordagem bastante utilizada em casos de trauma. Ela consiste em encorajar as pessoas a focar na memória do trauma e ao mesmo tempo experienciar uma simulação bilateral (normalmente através dos movimentos dos olhos), que reduz a perturbação ligada ao evento traumático.
EMDR é uma abordagem psicoterapêutica comprovada em sua eficácia na ajuda a pacientes com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Ajuda também em quadros de ansiedade, depressão, TOC, dores crônicas, vícios e outras experiências estressantes.
A diferença da EMDR para as outras abordagens de psicoterapia é que durante as sessões não há a necessidade de contar detalhadamente o(s) evento(s) ou fazer tarefas após as sessões. Além disso, seus resultados são notados rapidamente, quando comparados aos de outras psicoterapias. Outro ponto muito positivo, é que o cérebro encontra o caminho de cura naturalmente, removendo a perturbação, seus gatilhos e os bloqueios emocionais, mesmo quando a lembrança que causou tanta dor, é acessada novamente.
Se você ou alguém próximo se sente impedido ou bloqueado em alguma situação no dia a dia da sua vida, lembre-se: traumas podem ser removidos e, portanto, você pode se ver livre daquilo que te impede de viver uma vida mais leve e feliz. LIBERTE-SE!
Sejam muito bem-vindos!
Neste espaço, quero compartilhar olhares, experiências e conhecimentos que inspirem desejo de autoconhecimento, transformação pessoal e a busca do bem-estar.