Prem Baba, um conhecido guru espiritual, fala a seguinte frase: “Se a vida é uma escola, relacionamentos são a sua universidade.”
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, para desenvolver bons relacionamentos é mais importante se dedicar ao autoconhecimento do que ao conhecimento do outro. Aprendemos, desde pequenos, a olhar mais para fora do que para dentro. E é esse o olhar que desenvolvemos ao longo da vida. Educamos a nossa mente a observar mais o outro do que a nós mesmos.
É através dessa perspectiva que construímos os nossos relacionamentos. Uma busca incessante por algo no outro que preencha os nossos vazios. E assim, ao invés de relações, criamos dependência, que gera cobrança e, consequentemente, frustração. E o vazio que que já existia, fica ainda maior e mais profundo. Esse vazio só pode ser preenchido com o amor que existe dentro de você. E esse amor só pode ocupar esse espaço se crescer no seu interior.
Relacionar-se
Como está sua relação com você mesmo? Você tem se dedicado a você? Você presta atenção aos seus sentimentos? Você se respeita, se aceita, se ama do jeito que você é? Esse é o primeiro passo de uma longa caminhada na construção de relações saudáveis ao longo da vida.
O autoconhecimento é o caminho mais seguro para relacionar-se bem com você e com o mundo. Quando você se conhece, aceita e acolhe suas luzes e suas sombras, é natural que construa relações saudáveis, duradouras e cheias de aprendizados. Pois essas relações serão construídas com base no respeito, na empatia e na confiança de que o outro só tem a intenção de agregar.
Para estar inteiro em qualquer relação é preciso se vulnerabilizar, se abrir e estar disposto a sentir, seja o que for, com humildade e autorresponsabilidade. Pois é na entrega que acontecem os maiores aprendizados.
Preencha-se de si mesmo e transborde para o outro. Você só pode compartilhar com o outro o que existe dentro de você.
“É impossível ser feliz sozinho...”
Já dizia Tom Jobim... Ao sair um pouco do padrão dos relacionamentos amorosos e abrir a reflexão para todas as formas de se relacionar, essa frase pode fazer mais sentido.
Os relacionamentos, sejam eles com a família, com um (a) parceiro / parceira, com filhos, amigos ou colegas de trabalho, são oportunidades de entrarmos em contato com feridas que estão abertas e que só nos damos conta quando são tocadas por outra pessoa. Pode incomodar, doer e até sangrar, mas é só quando olhamos para elas que temos a chance de curá-las.
Como curá-las sem olhá-las de perto? Para olhar de perto é preciso olhar para dentro. Somente abrindo-se ao autoconhecimento é possível iniciar esse processo de cura. Os relacionamentos são fundamentais nesse processo, pois são eles que nos fazem, muitas vezes, entrar com contato com o que “jogamos para debaixo do tapete” ao longo da vida. Eles aceleram essas descobertas, pois nos colocam em contato com os incômodos.
Relacionamentos são catalizadores do amadurecimento
Você já reparou se existe algum padrão nas suas relações? É muito comum que as pessoas busquem relacionamentos que se assemelhem aos que tiveram com seus pais / cuidadores, pois foi com eles os primeiros contatos relacionais. Os aprendizados do período da infância são referências que levamos para a vida adulta. Mas é na vida adulta que reconhecemos o que nos machuca e, através dos relacionamentos, aprendemos e ressignificamos sentimentos como o amor, por exemplo.
Muita gente já viveu situações de agressões, sejam verbais ou físicas, quando eram crianças, acompanhadas de falas como: “é para o seu bem”, “faço isso porque te amo”. E é assim que passam a acreditar que o amor machuca, que para amar é preciso sentir dor, que quem ama agride, além de muitas outras crenças, que só serão identificadas mais tarde, nas relações adultas.
E é por isso que os relacionamentos ensinam e ajudam a amadurecer, pois te colocam em contato com a sua criança ferida abre os seus olhos para o que te incomoda e que não faz mais sentido na sua vida. E a partir daí você busca aceitar, acolher e, então ressignificar o sentimento em uma nova relação.
Reflexões para construir bons relacionamentos
Ao iniciar uma relação, deixe de fora padrões, estereótipos e verdades. Abra-se para o que vier e deixe fluir. Você pode se surpreender positivamente!
Cuide da sua autoestima. É preciso sentir-se bem consigo mesmo para então sentir-se bem com o outro.
Relacionamentos saudáveis só acontecem quando há conexão. Só é possível se conectar aceitando o outro como ele é.
Julgamento só te afasta das pessoas. Acolhimento te aproxima. Escute o diferente. Ele pode te ensinar a olhar o mundo sob uma nova perspectiva.
Se te incomoda, te pertence. Olhe para dentro e investigue, pois só percebemos no outro o que existe em nós.
Cobranças só te afastam do outro. Observe a sua insegurança. De onde ela vem? A solução está em você e não fora.
Como disse C. G. Jung, “só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos”. Invista em você e deixe a sua essência vir à tona.
Aceite suas qualidades e seus defeitos. Isso te ajudará a aceitar o outro como ele é.
“Aceitar-se a si mesmo é um pré-requisito para uma aceitação mais fácil e genuína dos outros” (Carl Rogers)