Para falarmos de ansiedade, que é um dos tranding topics atualmente, precisamos contextualizar e adotar uma perspectiva, já que existem muitos olhares sobre o tema.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o país mais ansioso do mundo (9,3% das pessoas sofrem de ansiedade ou de algum transtorno gerado por ela). E essa informação é anterior à pandemia. Por que será que tantas pessoas estão ansiosas?
Ansiedade vem de ânsia, agonia, aflição. A ansiedade em algum grau já foi necessária para garantir a nossa sobrevivência, quando deixava nossos ancestrais em alerta para enfrentar perigos iminentes, como o ataque de um animal selvagem, por exemplo. Mas, com o passar do tempo, e com a evolução da humanidade não precisamos mais lidar com esse tipo de problema. A questão é que esse drive foi implantado em nossa psique e vem encontrando novos “perigos” para permanecer em nossas vidas. Ao nos sentirmos ameaçados, nosso sistema de alerta no cérebro entra em ação; se ativado por um longo período, os sintomas da ansiedade começam a aparecer.
Ansiar é estar sempre em estado de inquietação esperando por algo. É de certa forma, viver no futuro. Um futuro, que na maioria das vezes, não se concretiza da maneira que você imagina. A ansiedade surge quando você cria histórias em sua mente com base em informações e acontecimentos externos e que fogem do seu controle.
Impermanência e incertezas geram ansiedade
Por mais que você se planeje, se organize e se cerque de todas as formas para que algo aconteça dentro do esperado, sempre existirão variáveis com as quais precisará lidar. Algumas exigem que você faça apenas um ajuste de rota.
Outras te obrigarão a rever todo o plano.
É importante que você se planeje e se organize para que consiga conquistar o que deseja, mas é fundamental desenvolver formas de lidar com os imprevistos para que eles não gerem ansiedade.
Pense em algo que você estava planejando em março de 2020, por exemplo. Eu posso quase afirmar que o que você planejou não aconteceu ou aconteceu de forma completamente diferente do que você imaginava. Acertei?
Claro que a pandemia é um evento extremo, que nos forçou a restrições e adaptações rápidas, além de potencializar o medo e a insegurança que geram mais ansiedade. Mas, se parar para pensar em situações corriqueiras da sua vida, como um trabalho que precisa entregar, uma prova para realizar, um encontro muito esperado, uma palestra ou uma apresentação que você precisa fazer, perceberá que todas elas, na maioria das vezes, te deixam ansiosa(o). E por que isso acontece? Porque antes da situação acontecer efetivamente, ela acontece na sua mente, que conta um monte de historinhas baseada em acontecimentos passados ou em referências externas.
Ansiedade e transtornos de ansiedade: qual a diferença?
É preciso ficar atento à linha tênue que separa a ansiedade dos transtornos gerados por ela.
Como já falei aqui, situações corriqueiras do nosso dia a dia podem gerar uma ansiedade “comum”, que vai embora rapidamente.
Você já teve a sensação de que sua vida é uma eterna busca por um gabarito? Ou seja, você está sempre tentando preencher todas as lacunas que seus pais, sua família, seus amigos e a sociedade lhe dizem que é necessário para ser aprovado e aceito? É exatamente essa busca por encaixe em um espaço que não é seu que gera ainda mais ansiedade. Tentar atender às expectativas dos outros consumirá uma energia que poderia ser usada para a realização dos seus sonhos.
Quando essas situações se repetem com muita frequência e você sente uma preocupação constante e exagerada, não consegue relaxar e está sempre alerta, fique atenta(o), pois é exatamente a intensidade dos sintomas e o tempo que eles duram que diferenciam uma ansiedade “comum” de um transtorno de ansiedade.
Alertas e dicas para ajudar a reduzir a ansiedade
Alguns hábitos podem aumentar a sua ansiedade sem que você se dê conta. A ingestão de cafeína em excesso, por ser uma substância estimulante, pode provocar a aceleração de batimentos cardíacos, nervosismo e agitação, que são sintomas relacionados à ansiedade.
Uma noite mal dormida pode te deixar irritada(o) durante o dia. Cuide da sua rotina para que tenha um sono reparador. Evite as telas uma hora antes de ir para cama. Os chás calmantes e a meditação também podem te ajudar a se acalmar.
Lotar a sua agenda de compromissos sem dedicar um tempo para as pausas pode reduzir muito o seu nível de energia. Organize o seu dia e considere os momentos de pausa para fazer uma respiração consciente. Quando respiramos profundamente por alguns minutos aumentamos a oxigenação do cérebro e o nosso corpo libera substâncias calmantes que nos trazem a sensação de calma e tranquilidade.
Se você está sedentária(o), reveja a sua rotina e inclua alguma atividade física nele. Durante os exercícios o nosso corpo produz alguns hormônios, um deles é a endorfina, considerado um analgésico natural do corpo por aliviar dores e reduzir a ansiedade. Por isso é que temos uma sensação de bem-estar após a prática de exercícios.
O consumo excessivo de notícias, principalmente as mais impactantes, podem causar angústia, medo e ansiedade. Informação é importante, mas na dose certa para trazer benefícios. Preste atenção nas fontes que você busca para se informar. As fake news são cada vez mais frequentes e causam um mal-estar desnecessário.
Cuidar da alimentação é muito importante para que seu corpo funcione com todo o potencial para gerar energia. Evite alimentos industrializados, açúcar e álcool, que podem aumentar ainda mais seus momentos de ansiedade.
Seja o seu maior projeto. Invista em você. O autoconhecimento é uma excelente ferramenta para que você entre em contado com suas emoções, desenvolva sua inteligência emocional e descubra os gatilhos que te levam a um estado de ansiedade.
Em momentos desafiadores, ao invés de se desesperar, pare, respire e amplie o seu olhar, pois as soluções podem surgir de onde você menos espera de forma tranquila e fluida.