Quando pensamos em transtorno bipolar normalmente atrelamos à flutuação de humor. Em um momento a pessoa está bem, mas logo depois está deprimida. Contudo, a bipolaridade vai muito além disso. Assim como a saúde mental, o transtorno bipolar é muitas vezes estigmatizado e com isso vem uma série de mitos e equívocos sobre o tema.
Muitos não têm e nunca tiveram contato com pacientes que sofrem com transtorno bipolar, por isso acabam pegando informações do senso comum e que não são 100% reais. Doenças mentais costumam ser mal compreendidas. Por essa razão, esse artigo vai te ajudar a esclarecer algumas dúvidas e mitos sobre a bipolaridade.
Entenda melhor o transtorno bipolar
Falando de uma maneira mais técnica, o transtorno bipolar não se caracteriza por um único sentimento ou ação. Ele é um transtorno crônico que afeta um de dois padrões específicos de disfunção emocional, comportamental, fisiológica e interpessoal. Em palavras menos complicadas, podemos afirmar que ser bipolar é muito mais do que estar feliz em um momento e triste no outro.
Episódios depressivos estão muito ligados ao transtorno bipolar. Dentre as principais características estão a tristeza, sentimento de vazio e irritação, somados a mudanças que afetam a capacidade da pessoa de “funcionar”. A bipolaridade também pode ser acompanhada do que os especialistas chamam de episódio maníaco. Esse é caracterizado por uma agitação motora, irritabilidade, distração ou excitação eufórica.
Além desses dois episódios, existe o terceiro, que é chamado de episódio hipomaníaco que é uma alteração de humor com menor intensidade. Para poder receber um diagnóstico de bipolaridade, o paciente deve ter esses sintomas por muitos dias e até mesmo semanas.
Desmistificando
Nem todas as emoções que uma pessoa bipolar sente, são irracionais ou injustificadas. Todo mundo passa por bons e maus momentos, com dias melhores que outros. Ou seja, alguém que tem o transtorno pode simplesmente ter tido uma rotina estressante no trabalho. Um dos mitos da sociedade em relação a esse tema, é que qualquer irritação é causada pela doença, quando na verdade pode ter a ver com apenas uma noite mal dormida.
Um outro ponto importante a ser ressaltado, é que nem todos os pacientes que sofrem de transtorno bipolar experienciam os três tipos de episódios. Alguns podem experimentar ciclos de mau humor, já outros podem apresentar uma irritabilidade maior do que o normal.
Uma das características do transtorno é o fato do estado depressivo ser mais marcante do que a euforia. Ainda que os altos possam ser muito bons, os baixos normalmente são bem complicados e tendem a acontecer com mais frequência.
Tratamentos
Outro mito muito espalhado pela sociedade é o de que não existe tratamento para o transtorno bipolar. Isso é simplesmente falso. A psicoterapia tem um papel fundamental na reabilitação desses pacientes. Atrelada a medicamentos, uma pessoa bipolar pode ter uma vida completamente normal.
A psicoterapia é uma aliada importante no tratamento pois é ela que vai ajudar o paciente a entender e processar os episódios emocionais. Entender alguns gatilhos e criar uma percepção de quando estiver passando por um episódio também faz parte da terapia. Além disso, é ali que o paciente e profissional podem elaborar estratégias para controlar os sintomas do transtorno.
A terapia familiar também é bastante importante nesses casos. Essa forma de trabalho em grupo pode ser uma ajuda e tanto não só para monitoramento e apoio, mas também serve como uma forma de motivação para que os pacientes possam seguir utilizando os medicamentos de maneira correta.
No caso dos remédios, os mais usados são estabilizadores de humor. Aliados a esses, profissionais normalmente usam antidepressivos e antipsicóticos. A dosagem e frequência deles é normalmente mantida por um tempo, dando uma qualidade de vida melhor para os pacientes.
Conclusão
Assim como a saúde mental foi estigmatizada por muito tempo, o mesmo aconteceu com o transtorno bipolar. Entender melhor sobre a doença é uma das formas de acabar com esses mitos que circulam por todos os lados. Dessa maneira, pessoas que sofrem de bipolaridade podem sentir-se mais à vontade para falar do assunto e ajudar aqueles que ainda não foram propriamente diagnosticados.
É fundamental enfatizar que, ainda que os medicamentos sejam fundamentais nas fases mais graves do transtorno bipolar, a terapia é imprescindível no tratamento. Abordagens terapêuticas, como EMDR e TCC, não só ajudam o paciente a regular o humor durante as diversas fases da doença, como também o auxiliam a sentir-se mais acolhido e seguro. Dessa forma, apesar de diagnosticado como bipolar, estratégias e ferramentas são adquiridas em sua vida dando-lhe condições de lidar com o seu dia a dia, como outra pessoa qualquer.