Viagens, restaurantes, corpos exuberantes… Nas redes sociais, temos a impressão de que a maioria das pessoas vive uma vida perfeita, menos a gente. Mas não se engane! Afinal, qual o ser humano que não tem problemas? O que vemos nos aplicativos é apenas um espectro do que as pessoas querem mostrar e, portanto, uma fértil fonte de ilusões, que tem o poder de afetar diretamente a nossa autoestima, principalmente, quando ela se encontra em construção ou fragilizada.
No caso de adolescentes e jovens, isso se agrava, pois se encontram em desenvolvimento não só físico como psíquico. Ao passarem grande parte do tempo buscando referências e inspirações nas redes sociais, aumentam a probabilidade de se desconectarem de si. Portanto, mesmo que racionalmente saibam que podem estar sendo manipulados em suas idealizações e escolhas, as inseguranças ainda inconscientes, impedem que possam discernir o quanto esses aplicativos, de fato, estão distorcendo sua autopercepção, bem como se estão agregando ou não valor às suas vidas.
Baixa Autoestima
A percepção que temos de nós mesmos é algo que construímos ao longo da vida. Nossas crenças herdadas e concebidas por nós mesmos, instalam-se desde muito cedo, o que influi diretamente na forma como nos percebemos. E a relação que temos com o mundo a nossa volta impacta fortemente, não só a nossa própria, mas também a imagem que temos de tudo, permeada por como entendemos e vivenciamos diversos conceitos como sucesso, prazer, fracasso etc.
Quando temos uma percepção negativa de nós mesmos, acabamos dando confiança ao que há de pior nas redes sociais. Por isso é muito normal que jovens (e muitos adultos!) se peguem perguntando por que fulano tem uma vida perfeita, por que aquela menina tem tal corpo, por que é tão fácil para aquela outra pessoa ter isso, por que tem tantos seguidores? Podem, inclusive, paralisar ou se vitimizar quando se comparam com apenas uma das facetas da vida que os outros desejam compartilhar, gerando uma enorme frustração.
Chama a atenção, também, o fato de que os números nas redes sociais têm sido usados como referência de sucesso profissional. Hoje, são muitos os jovens (repetindo, e muitos adultos!), que se consideram fracassados por não terem a mesma vida que uma pequena porcentagem de influenciadores digitais “tem”. Acabam considerando-se incapazes, burros e sem perspectivas. Como dito acima, esse fenômeno não se restringe aos jovens, pois são muitos os adultos que caem na mesma dinâmica, por estarem distantes de si mesmos, ou seja, por não se autoconhecerem.
Olhando por outro lado
Quando definimos metas nos baseando somente nas vitrines das redes sociais, acabamos criando uma expectativa irreal, geradora de frustações e níveis diversos de ansiedade e depressão. Isso é muito sério. Quando direcionamos nossas vidas em torno de crenças que nos limitam, não há como a autoestima não ser afetada negativamente, pois quando isso acontece é porque reforçamos estas tais crenças.
A frustração costuma gerar uma paralisia como forma de se defender, fazendo com que muitos não se arrisquem e nem tentem se ofertar, desistindo antes mesmo de começar. Pode surgir daí a sensação de ser errada (o) e de, portanto, não haver lugar no mundo para ser quem se é.
Mas como escapar dessa armadilha?
Elevando a autoestima. Para tal, torna-se imprescindível o autoconhecimento. Ao mesmo tempo, é importante fazer revisões e traçar metas que sejam mais possíveis de serem alcançadas. Dividí-las, por exemplo, em pequenos passos, pode ajudar muito. E tudo bem compará-las com as de outras pessoas, vez ou outra, otimizando o processo de conquista, mas é preciso lembrar que os posts nas redes sociais são apenas o produto final (ou não). Muito do que acontece pelo caminho, é raramente mostrado, levando à ilusão de que é facílimo para o outro e para nós, impossível.
A generosidade é outro ponto importante. Infelizmente, costumamos ser poucos generosos com nós mesmos. Somos humanos, não máquinas. Se elas podem dar defeitos, quem dirá nós! Erros são grandes oportunidades de amadurecimento e crescimento. O fato de errarmos pelo caminho ou de não atingirmos uma meta não torna ninguem melhor ou pior que o outro. A autocrítica é importantíssima, mas deve ser usada com cautela, pois na medida certa ela é saudável, porém em excesso pode afetar gravemente a nossa saúde mental.
Autodescoberta
Todos somos feitos de qualidades e defeitos. Geralmente quando pensamos no “ser ideal” temos a visão de alguém perfeito e achamos que só assim seremos realmente felizes. E é o que muitas pessoas pensam do outro quando o acompanham pelas redes sociais. Baseam-se apenas pelo que é postado, pelas aparências.
A perfeição não existe, mas cada um, sim, tem seu brilho próprio e seu olhar. O que um acha lindo, outro pode não suportar. E está tudo bem! O importante é focar naquilo que te alegra, que te motiva e não no que te coloca para baixo. O autoconhecimento nos leva a descobrir a focar em nosso melhor, fazendo com que reconheçamos nossas pontências e tornando-nos capazes de usá-las ao nosso favor para, então, contribuirmos com mundo. Não estamos aqui à toa. Viemos para brilhar, cada um do seu jeito.
Papel da terapia
Um processo de psicoterapia visa, acima de tudo, elevar a autoestima de uma pessoa através do conhecimento de si, a tal ponto, que influências externas podem até afetá-la, mas não a afastar de sua essência e de seu propósito de vida. Ao conquistar uma maneira de ser coerente, ou seja, pensar, sentir e agir numa mesma linguagem, a pessoa vive uma verdadeira experiência de integridade. Esta gera segurança interna e, portanto, um grande alívio.
Então, lembre-se! Desfrute o máximo que puder das redes sociais, absorvendo delas o melhor para si e, principalmente, usando-as de forma a contribuir com o coletivo, mas sempre blindada (o) pelo autoconhecimento. Isto é, por você mesma (o).