Grande parte dos conteúdos a que temos acesso, através das redes sociais, é apenas a ponta do iceberg. Em outras palavras, há vida real correndo por trás de cada foto, vídeo ou legenda, que muitas vezes não é revelada.
Seriam, então, as redes uma fábrica de ilusões? Não necessariamente.
Para entender o impacto das redes sociais na sua vida e como você tem lidado com elas, antes, é preciso investigar a fundo seus hábitos diários e detectar o quanto você se deixa levar por estímulos externos que surgem ao longo do dia. Isso é muito importante, caso queira ter o controle da sua vida e seguir o seu ritmo e não o do algoritmo imposto pelas redes. É através do autoconhecimento que você tem a chance de identificar as lacunas que te levam a se distrair de uma forma prejudicial.
O que o uso excessivo das redes sociais revela sobre nós
As redes sociais, assim como qualquer outra ferramenta tecnológica, não são boas nem ruins por si só. O uso que fazemos delas é que determina o quanto agregam ou não à nossa vida.
Um estudo publicado há 3 anos atrás no periódico Social and Clinical Psycology mostra que as redes sociais nos trazem a sensação de que estamos conectados a diversas pessoas. Mas em nosso dia a dia real percebemos que não existem tantas conexões assim. E, segundo esse mesmo estudo, essa sensação potencializa a depressão e o estado de solidão.
Faça um exercício e durante um dia inteiro observe em que momentos você acessa as redes sociais. Anote o que estava sentindo e o motivo pelo qual acessou alguma rede social em cada situação. É provável que você perceba que, na maioria das vezes, o acesso às redes sociais acontece como uma fuga de algum sentimento de vazio, de exaustão ou como forma de procrastinação de alguma atividade que não lhe dá prazer ao realizar.
A vida paralela das redes sociais
As redes sociais podem proporcionar tanto a sua exposição quanto a ocultação de quem você realmente é. Pessoas com dificuldades de se exporem presencialmente, seja por vergonha, seja por timidez ou qualquer outro motivo, vêm nas redes a possibilidade de se esconderem atrás de filtros, de efeitos, de palavras e, muitas vezes, de uma realidade que não lhes pertence.
Essa realidade paralela pode até trazer algum tipo de prazer para essas pessoas por meio de curtidas e comentários que as fazem se sentir queridas, importantes e reconhecidas. Mas... “e fora do story, você está bem?” Essa pergunta viralizou nas redes e, apesar de ter sido levada para o lado da brincadeira e dos memes, levanta uma questão que é importantíssima para entendermos o quanto pode ser prejudicial tanto para quem posta como para quem assiste uma realidade que está longe de ser real.
A eterna busca pela vida perfeita
A busca pela vida perfeita faz parte da trajetória de qualquer ser humano. E com o advento da tecnologia e o surgimento das redes sociais esse comportamento vem se agravando e provocando frustrações, vazios, sentimentos de solidão e até mesmo ansiedade e depressão.
Muitas vezes, os momentos postados têm como motivação apenas a busca por likes e comentários. As pessoas estão mais preocupadas com esse reconhecimento do que em aproveitar o que estão vivendo naquele momento.
Reflita um pouco sobre o que te motiva a postar um determinado conteúdo. O que está por trás dessa ação? Você posta exatamente o que tem vontade e faz sentido com o que vive ou você “maquia” o conteúdo, edita as fotos e até apaga pessoas e objetos com o objetivo ter maior alcance, mais curtidas e compartilhamentos?
Redes sociais e saúde mental
Quantas vezes você para o que está fazendo durante o seu dia para checar o celular? Seja para ver as mensagens do WhatsApp, para passear pelo feed do Instagram ou para assistir um vídeo no YouTube, as redes sociais estão sempre presentes em quase todos os momentos do nosso dia.
Desde a hora que você acorda até a hora de dormir é bem provável que acesse alguma rede social ao mesmo tempo em que toma café da manhã, faz alguma atividade física, almoça ou até mesmo enquanto assiste um filme ou uma série. E tudo isso está sendo compartilhado lá, é claro!
Todas essas atividades são importantes para a nossa saúde, seja ela física ou mental, para a socialização e para o entretenimento. Mas, nesse contexto em que estamos sempre hiper conectados, momentos importantes nos quais deveríamos focar, dividem a nossa atenção com as distrações das redes.
Essa dinâmica tem prejudicado muito o dia a dia da maioria das pessoas, com destaque para os adolescentes e os jovens, seja pela busca dessa vida perfeita e superficial ou pelo tempo que perdemos rolando feeds e checando mensagens, que muitas vezes nada acrescentam.
E, ao final do dia, você tem aquela sensação de tempo perdido que te bota pra baixo, mas, ainda assim, já na cama, quase no ponto para dormir pega o celular para checar as últimas mensagens ou aquele post que acabou de aparecer no seu feed. E lá se vai mais uma hora de sono perdido.
E o lado bom das redes sociais?
Como tudo nessa vida, é claro que tem muita coisa boa nas redes sociais. Como eu já falei aqui, o que as torna prejudiciais é a forma como você as utiliza.
As redes sociais são como janelas para o mundo. Nelas temos acesso a todo tipo de informação, temos a oportunidade de nos conectar com pessoas de todos os cantos do mundo, de conhecer belos trabalhos e profissionais cheios de bons conteúdos para compartilhar, de levar a nossa causa a milhares de pessoas e de criar conexões que podem virar projetos incríveis.
Cabe a cada um de nós ter a responsabilidade de usar as redes sociais de forma inteligente e com a consciência de que são elas que devem nos servir.
Redes sociais são poderosas ferramentas de conexão quando utilizadas com moderação e com propósitos claros. Caso contrário, essa conexão virtual nos levará a uma completa desconexão da vida real. E é na realidade que existimos de fato. É nela que nos conectamos com quem realmente somos e essa conexão é a mais preciosa e essencial, porque só assim podemos cuidar da nossa saúde física, mental e emocional.