Já caminhamos bastante, mas ainda temos muito chão pela frente! Desde sempre as mulheres buscam pelo seu lugar no mundo. De forma mais tímida na antiguidade, pelo contexto em que viviam e que as limitavam bastante, aos poucos foram ganhando voz e vez em uma sociedade estruturada em bases patriarcais. As limitações que vivemos ainda hoje não são apenas nossas, mas de todos os que fazem parte dessa sociedade: mulheres e homens. Se observarmos com cuidado, os homens também não são livres para serem ou fazerem o que desejam. Eles também são fruto de um mundo que criou a dualidade que nos separa ao invés de nos unir. E nesse contexto, no qual os desafios e as transformações são permanentes, qual o olhar masculino sobre a mulher? De que forma a energia masculina que existe em todos nós lida com as lutas e as conquistas do feminino?
É preciso desmistificar o feminismo
Foi apenas no século XIX que o feminismo surgiu como um movimento que tinha a finalidade de propor direitos iguais para as mulheres. O primeiro movimento feminista surgiu através de mulheres brancas e de classe média, que reivindicavam o direito de votar e, também, de trabalharem fora de casa, além de muitos outros que foram surgindo ao longo do tempo como o direito à educação e à igualdade de salários.
O Feminismo, assim como vários outros movimentos que surgiram ao longo da história, é o resultado de atitudes excludentes, desiguais e, muitas vezes, desumanas praticadas com determinados grupos de pessoas que são categorizadas por não se encaixarem nos padrões criados pelas sociedades de cada época. O movimento não surgiu como a ideia de enfrentamento, como muitos enxergam hoje de forma equivocada, mas como um grito de socorro para que mulheres fossem escutadas e olhadas, antes de qualquer estereótipo, como seres humanos. Não é um movimento contra os homens, mas a favor das mulheres!
Assim, é necessário entender que o Feminismo não é o oposto do Machismo. Queremos inclusão, partilha, compreensão, companheirismo, igualdade de direitos e de possibilidades. Não queremos destaque, queremos caminhar lado a lado. O Feminismo não é sobre independência, é sobre emancipação. É sobre a mulher poder responder por ela mesma.
Hoje nós não temos leis que nos impeçam de fazer alguma coisa, mas continuamos sendo oprimidas de forma simbólica pelo sistema. As estruturas de poder que temos na atualidade não são necessariamente verbais, práticas ou burocráticas. São estruturas simbólicas, e é por isso que são estruturais. Um exemplo disso é que muitas mulheres deixam de sair com as amigas porque sabem que o marido não aprova. São atitudes decorrentes de acordos velados.
Dessa forma, os desafios são bem maiores, já que as medidas a serem tomadas para a desconstrução do patriarcado não são as medidas legais, mas as educacionais.
Os diferentes olhares dos homens sobre as mulheres
Ainda vemos hoje aqueles perfis machistas ao extremo, que continuam reproduzindo comportamentos antiquados e inadequados, acreditando que é de responsabilidade da mulher a educação dos filhos, os cuidados com a casa e a interlocução com a escola, por exemplo.
Alguns se dizem apoiadores do feminismo e a favor das reivindicações das mulheres, porém ainda se escondem atrás do machismo estrutural que permeia seus pensamentos e atitudes. Apoiam-se no discurso, mas se contradizem nas ações. Defendem o empoderamento da mulher, mas não partilham as atividades domésticas, nem a educação dos filhos. E isso não acontece apenas com os homens. Nós mulheres vivemos isso na pele também. Achamos lindo ver nossas filhas levantando a bandeira do femismo, mas cerceamos suas escolhas o tempo todo.
Mas existem sim, aqueles que decidiram dar espaço para a energia feminina agir e dessa forma conseguem entender os enormes benefícios que o feminismo traz para toda a humanidade. Eles enxergam que o feminismo tem o poder de libertar os homens das amarras que também os prendem a padrões rígidos que dizem que homens não devem chorar, não podem fracassar, não podem se envolver emocionalmente, não devem falar de sentimentos para não parecerem fracos e vulneráveis, não podem sofrer, mesmo que o sofrimento faça parte da sua rotina.
Entendem como o patriarcado limita não apenas as mulheres, mas também os homens? Percebem como está cada vez mais claro que precisamos andar juntos, lado a lado para construir uma sociedade mais justa, mais humana, na qual prevaleça a cultura da paz?
Feminino e masculino: opostos que se complementam
Todos nós, homens e mulheres, carregamos as energias femininas e masculinas dentro de nós. Quando essas energias estão em equilíbrio vivemos em nossa maior potência, ou seja, acessamos todos os nossos poderes, que nos permitem ser a nossa melhor versão.
Essas duas polaridades trazem suas individualidades e habilidades, que quando trabalham juntas, se complementam e harmonizam nossa jornada.
A energia masculina nos traz o lado prático, focado, objetivo, pragmático e mais racional. Já a energia feminina traz a leveza, o olhar mais voltado para o processo, para os ciclos, para o tempo que as coisas levam para acontecer.
Ao falarmos dessas energias precisamos deixar de lado os estereótipos, a luta e a exclusão de qualquer uma delas.
É tão importante para a mulher integrar a energia masculina que planeja, que realiza; quanto é importante para o homem integrar a energia feminina que aquieta, que intui, que acolhe. E é aí que acontece o equilíbrio, que nos permite trabalhar com todas essas características de forma inteligente e integrada.
Através desse olhar integrativo, com o qual feminino e masculino são igualmente importantes, com suas diferentes potências, seremos capazes de construir uma sociedade mais justa e mais distante do modelo patriarcal. Uma sociedade na qual homens e mulheres possam andar juntos se apoiando e contribuindo para a transformação da humanidade.
Todo esse cenário nos leva a acreditar que olhar para a saúde mental como prioridade pode auxiliar não apenas na prevenção de transtornos e doenças mentais como também no tratamento mais eficiente deles.