O que é Burnout? Transtorno ligado especificamente ao esgotamento mental e estado de estresse crônico que vem da relação com o trabalho. A palavra em inglês significa “queimar até o fim” (ou esgotamento), ou seja, esgotar todas as energias físicas, mentais e emocionais. Apesar de afetar outras áreas da vida, sua origem está na relação que temos com o trabalho. Essa é uma definição simples da síndrome de Burnout, que muitas vezes não é reconhecida por quem sofre dela, ou até mesmo pelos médicos que buscam seu diagnóstico.
Em 2019 a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que passou a incluir o Burnout na lista de doenças, que entrará em vigor a partir de janeiro de 2022. Essa lista é elaborada pela OMS e se baseia nas conclusões de especialistas de todo o mundo. É a primeira vez que a síndrome de Burnout entra na lista. Isso pode significar que a banalização do estresse no trabalho está perdendo força.
Mas o que acontece antes de uma pessoa chegar nesse estágio e sofrer com o Burnout?
Você presta atenção nos sinais do seu corpo e da sua mente? De que forma você percebe e entende esses sinais? Você acredita que os sinais surgem “do nada” ou que eles são a forma com que o seu corpo e a sua mente mostram que algo não está bem?
As respostas para essas perguntas podem te ajudar na reflexão sobre a vida que você escolhe levar e para onde essa vida está te levando.
A ideia aqui não é entrar nos detalhes da síndrome de Burnout, mas mostrar o caminho que nos leva até ela, trazendo à consciência atitudes e comportamentos que trazem sérios prejuízos à nossa saúde física, mental e emocional, dependendo da maneira como encaramos o trabalho.
A escolha de uma profissão, de um trabalho, de uma empresa é, na maioria das vezes, algo que a maioria das pessoas faz com base no que a sociedade diz que é sinônimo de sucesso. Crenças passadas de geração em geração sem serem questionadas, nos trouxeram a um lugar de desconforto que só agora está sendo investigado e olhado com mais cuidado.
A normalização do estresse
O excesso de trabalho e a cobrança extrema sempre foram vistos como normais em ambientes de trabalho, principalmente no mundo corporativo, onde as pessoas que “dão o sangue” pela empresa, mesmo que isso signifique deixar de lado todas as outras áreas da vida, são consideradas as mais competentes, dedicadas e valorizadas.
Nesses ambientes, a comparação e a competição são estimuladas o tempo todo, o que leva as pessoas a se submeterem a situações de pressão extrema tanto das lideranças quanto da autocobrança para conseguir algum destaque. O olhar é sempre de fora para dentro, ou seja, o que estão dizendo que você precisa fazer para ser valorizada(o); e não de dentro para fora, onde você reconhece o seu valor e realiza algo alinhado com a sua essência.
Você acredita que para ser reconhecida(o) precisa ficar até mais tarde na empresa, trabalhar no horário de almoço, virar a noite para entregar um trabalho que foi solicitado na última hora. E nesse círculo vicioso, o estresse é inevitável, mas quase sempre é tido como normal. O estresse e o trabalho excessivo viram default. Trabalho vira sinônimo de estresse. Esse acúmulo de estresses normatizados geralmente leva as pessoas à síndrome de Burnout. E com ela vem o pedido de socorro do corpo e da mente em forma de depressão, ansiedade, cansaço e preocupação constantes, irritabilidade, perturbações no sono, dores em várias partes do corpo, para citar alguns sintomas. Nesse momento é muito importante buscar a ajuda de profissionais especializados, como médicos psiquiatras e psicólogos, que poderão cuidar não apenas dos sintomas, mas também do que os originou. Pois, em algumas situações pode ser necessário o uso de medicamentos.
Relação com o trabalho: a origem do Burnout
Nesse contexto de estresse, você já parou para pensar em qual é o sentido do seu trabalho? O que ele significa para você? O que ele gera para as pessoas ao seu redor? Por que você realiza esse trabalho? Qual é o lugar do trabalho na sua vida? Você acredita em felicidade no trabalho? Quais são os seus valores? Eles estão alinhados com o seu trabalho?
Ao refletir sobre essas questões, você se conecta com a sua essência, com seus desejos, seus sonhos e com tudo o que faz sentido na sua vida e que nunca foi olhado. A partir desse lugar do sentir é possível rever suas escolhas e ressignificar a relação que você tem com o trabalho, cuidando de todas as áreas da sua vida de forma integral e com um olhar de dentro para fora, criando a realidade que você deseja viver e não aquela que te disseram ser a “correta”.
O caminho até o Burnout é longo. Ele começa quando você acredita no que dizem ser um caminho normal para o sucesso: o trabalho excessivo, a falta de pausas, a negligência com a saúde e os primeiros sinais de estresse que o seu corpo dá. É justamente por normalizar comportamentos como esses que se chega a um quadro de Burnout, muitas vezes, sem perceber.
Reveja a sua rotina. Estresse esporádico é inevitável, mas estresse constante não. Reflita sobre os seus valores e as suas prioridades. Você está sendo fiel a eles? Ao perceber a irritação e o estresse chegando, pare o que estiver fazendo, respire por pelo menos 5 minutos. A respiração ajuda na autorregulação do corpo e na mudança da vibração. Inclua exercícios físicos e momentos de autocuidado no seu dia. Eles ajudam a liberar hormônios que trazem a sensação de prazer. Desligue-se de assuntos de trabalho e das telas pelo menos 1 hora antes de dormir. Sua mente precisa desacelerar para o seu corpo poder relaxar. Pratique o silêncio. O barulho nos tira do eixo e abafa a nós voz interior. Crie limites que sejam confortáveis para você. Eles te ajudarão a identificar os gatilhos geradores de estresse. Aceite que você não pode controlar as circunstâncias, mas pode escolher de que forma quer vivenciá-las.