Quando a Rússia invadiu a Ucrânia a maioria dos cidadão não sabia o que fazer. Ainda que hoje alguns já tenham se acostumado com o novo normal, há algumas semanas quando tudo começou o medo foi o sentimento dominante. A convivência em grupo, por si só, já é um desafio. Agora adicione um pequeno detalhe: uma guerra mundial.
Os Ucranianos têm oscilado seus dias entre suas casas e os bunkers. Eles tentam permanecer em suas casas e apartamentos e quando uma ameaça maior está a caminho correm para os abrigos. Muitas vezes é difícil saber se a decisão de ficar foi certa ou não. Vendo de fora, parece ser clara essa decisão de ir embora e deixar tudo para trás priorizando a vida. Mas para essas pessoas, nem sempre é tão fácil.
Os Bunkers:
Segundo relatos, os primeiros dias dessa convivência em grupo foram um tanto quanto estranhos. Crianças, idosos, gatos, cachorros, mulheres, refugiados africanos… Todo mundo junto, independente da classe social, nacionalidade ou crenças. O que se via era um sentimento de medo, mas um senso de ajuda. Um tomando conta do outro.
Muitas vezes sentados e deitados ao chão, num ambiente frio e escuro, essas pessoas não sabem muito bem o que vai acontecer. Tentam manter contato com amigos e familiares em outras cidades e países. Alguns mais jovens conseguem manter o contato nas redes sociais e dividem a experiência com pessoas de todos os cantos que não estão lá, mas que de certa forma se solidarizam.
Os dias são monótonos. Não há muito o que fazer. Você acorda, checa com amigos e familiares se estão bem. Alguns dias os barulhos de bomba são maiores do que outros. O dia passa ao seu lado uma mãe com duas crianças que não tem ideia do que está acontecendo. A noite chegou, mas você não sabe, pq lá dentro é escuro 24 horas por dia. Você dorme, porque amanhã é tudo isso de novo. Os dias se misturam, as semanas passam e a convivência em grupo permanece.
Sentimento de luta:
Ainda que muitos possam ter a oportunidade de fugir do país, o sentimento de união permanece entre os ucranianos. O que começou como pânico geral, hoje passa a ser uma rede de apoio. A convivência em grupo, a luta pela pessoa que está ao seu lado e a vontade de defender o seu lar tem dado espaço ao que um dia já foi terror nas ruas.
Livrarias, cafés, bares, apartamentos e boates também têm aberto suas portas para acolher aqueles que perderam tudo ou que estão em locais de risco. Muita coisa tem sido adaptada. Colchão no chão, carpetes e cadeiras tem se tornado camas. A comida é racionada pois não se sabe quanto tempo permanecerão ali. Um ajuda o outro, a preocupação maior é passar por isso.
Em situações desafiadoras o ser humano tem a capacidade de se tornar altruísta. Nessa guerra não foi diferente. Apesar da convivência em grupo ser complicada, o que tem sido visto em abrigos é uma cooperação entre as pessoas. Quem tem mais divide com quem tem menos. Quem pode ajudar não hesita, quem precisa de ajuda pede.
Ajuda internacional:
Essa comoção vai além das fronteiras ucranianas. Muitos países têm aberto suas portas para refugiados, e muitas pessoas doado comida e mantimentos para os locais mais afetados pela guerra. A Polônia tem sido um grande aliado aos refugiados ucranianos.
Em Varsóvia o número de refugiados já é enorme e passa de 1 milhão. A cidade tem se adaptado e igrejas, hotéis e organizações têm se mobilizado para prestar todo o auxílio possível. A capital também tem recebido muitas arrecadações de todo o mundo. Roupas, alimentos, produtos de limpeza e higiene pessoal e vários outros tipos têm chegado aos que mais precisam.
Uma outra prática que tomou conta das redes sociais na última semana foi a ajuda enviada aos moradores da Ucrânia por meio do aplicativo Airbnb. Donos de imóveis ucranianos têm recebido dinheiro de reservas de pessoas do mundo inteiro que não tem pretensão de visita. É apenas a forma mais rápida de mandar dinheiro para aqueles que estão passando por necessidades.
Além da ajuda monetária e de mantimentos, ainda existem aqueles que estão dando o suporte na linha de frente. São inúmeros os casos de pessoas que se deslocaram até as áreas de combate para se oferecerem como força militar. O exército da Ucrânia é limitado quando se trata de número de soldados. Por isso, pessoas de todo o mundo têm chegado para lutar contra os Russos.
Conclusão:
A convivência em grupo se tornou obrigatória de uma hora para outra. Ucranianos se viram abrigados em bunkers com pessoas de todos os cantos do país, e até mesmo de outras nacionalidades. Em tempos de guerra, o conjunto faz a diferença. Pessoas se solidarizam com o outro, o individualismo fica de lado e quem pode ajudar não hesita.
Os dias passam e a guerra continua, mas os atos de solidariedade são como um efeito dominó. Quanto mais é feito, mais as pessoas querem fazer. O mundo quer ajudar, o ser humano é condicionado para isso. Por pior que esse momento esteja sendo, o ser humano tem se mostrado solícito. A convivência em grupo é o que tem dado forças para os ucranianos continuarem lutando.