Qual o seu maior sonho? E o seu maior medo? Quais as suas principais forças? Quais os seus pontos a serem desenvolvidos? Quais os seus 3 principais valores? O que te move nessa vida? O que você está construindo?
Se você conseguiu responder, sem pensar muito, pelo menos metade dessas perguntas, você,provavelmente, tem algum grau de autoconhecimento.
Parece algo óbvio se autoconhecer, afinal você convive com você 24 horas por dia. Mas não é isso que acontece com a maioria das pessoas.
O começo de tudo
Tudo começa quando somos crianças e ainda não temos uma parte importante do cérebro, o córtex pré-frontal, desenvolvida. Essa área só se desenvolve plenamente por volta dos 20 anos e é responsável pelas funções mais sofisticadas do nosso cérebro. Algumas delas são a tomada de decisão, o planejamento, a atenção e o controle dos impulsos. Dessa forma, é muito natural que a criança se expresse, através das suas emoções, sem muita elaboração. Ou seja, se está irritada, grita ou bate; se algo não agradou, chora; se é contrariada, joga o primeiro objeto que estiver à sua frente. E são esses momentos que nos dão a oportunidade de ajudá-la a se autoconhecer e entender suas emoções e seus sentimentos. Porém, como não fomos ensinados dessa forma, é um grande desafio conseguir ensinar. Então surgem as punições para o mau comportamento, que ao invés de ajudar a criança a iniciar o processo de autoconhecimento, a afasta cada vez mais da sua essência levando-a a olhar mais para fora, com o objetivo de seguir regras de bom comportamento, e menos para dentro, onde está tudo o que precisa para desenvolver suas habilidades para a vida.
Autoconhecimento: a bússola da vida
Se observarmos as pessoas à nossa volta, perceberemos que grande parte delas (me arrisco a dizer que a maioria) está insatisfeita com o que faz e com o que têm. Elas, provavelmente, construíram suas vidas com base em padrões ditados pelos pais, pela família, pelos professores, pela sociedade. E nunca se perguntaram se suas escolhas faziam sentido. Fazer sentido, significa “o que faz sentir”. E aí voltamos àquela história da nossa infância... nós não aprendemos a prestar atenção ao que sentimos. E por isso, fugimos dos sentimentos e seguimos a vida buscando atender expectativas dos que estão à nossa volta para sermos aceitos e amados. E assim, seguimos treinando o nosso olhar para fora e nos distanciando do que está dentro.
Nesse contexto, em que muitos continuam seguindo o rebanho tentando se encaixar em vidas padronizadas em busca da tal felicidade, alguns despertam e buscam, através do autoconhecimento, a realização de viver uma vida plena e conectada com a essência. E na busca pelo que faz sentido entramos em contato com nossos sentimentos que ficaram guardados ao logo de toda a vida sem espaço para se expressar. A partir daí mudamos a rota e entramos no fluxo da vida. E é no fluxo que mora a felicidade.
O que fazer para se autoconhecer?
Existem muitos caminhos e cada pessoa se identifica com um diferente. Vou trazer aqui algumas práticas que conheço e utilizo, e que podem fazer sentido para vocês.
Fazer pausas durante o dia para respirar de forma consciente de 3 a 5 minutos, ajuda a nos colocar de volta no eixo e em contato com o que nos mantém vivos e muitas vezes entra no modo automático: nossa respiração. Criar esse hábito pode transformar nossa forma de respirar e consequentemente, nos leva a ter mais controle sobre nossas atitudes.
Sempre que sentir algo, seja o que for, pare e entre em contato com o sentimento. Seja medo, ansiedade, tristeza, alegria, euforia ou coragem, sinta profundamente e perceba o que a emoção tem a lhe dizer. Quase sempre vem algum insight que nos leva a refletir e nos coloca em contato com nosso eu mais profundo.
Experimente meditar. Pode ser 5 minutos por dia. Sente em algum lugar confortável, onde nada nem ninguém vá interromper, coloque uma música tranquila, se te agradar, acenda um incenso e/ou uma vela. A ideia é preparar o ambiente para que você se sinta relaxada(o).
Feche os olhos e comece prestando atenção à sua respiração. Perceba se ela está superficial e rápida ou se está profunda e tranquila. Respire fundo contando até 3, faça uma pequena pausa e solte o ar contando até 6. Milhares de pensamentos virão à sua mente, é normal. Não se prenda a eles. Agradeça por terem se manifestado e siga com o foco na respiração. No início pode ser desafiador. Persista e com o tempo você terá vontade de aumentar para 10 minutos e assim por diante. A meditação nos coloca em contato com energias superiores e tem o poder de nos conectar com a nossa verdadeira essência. E com essa prática constante o autoconhecimento é inevitável.
Se for possível, busque o auxílio de um(a) psicólogo(a). Esse(a) profissional está preparado(a) para, através de técnicas científicas, avaliações psicológicas e acompanhamento, elucidar questões e auxiliar a pessoa a resolver conflitos, lidar com situações difíceis, entrar em contato com dores e traumas, que, ao serem trazidos à tona, podem ajudá-la(o) através do autoconhecimento, a elaborar, desconstruir e encontrar novos caminhos, que antes não vislumbrava, para reconstruir.
Existem muitas outras formas de buscar o autoconhecimento. Essa viagem para dentro é incrível e cheia de surpresas e descobertas. O importante é dar o primeiro passo e, aos poucos, o Universo coloca o chão. Assim vamos caminhando e percebendo que estamos cada dia mais no fluxo da vida, percebendo os sinais e o sentido de estarmos exatamente onde estamos.
O indivídual e o coletivo
Pessoas que se autoconhecem tendem a tomar melhores decisões, ter mais inteligência emocional, se autorregular com mais facilidade, construir melhores relações, lidar melhor com conflitos, viver no momento presente, ser mais autêntica(o) e empática(o). Existem muitos outros ganhos ao longo do processo de autoconhecimento, mas com esses que listei aqui, já podemos perceber os benefícios conquistados não apenas pelo indivíduo que busca se conhecer, como para todos os que convivem com ele. E digo mais, muitas vezes os benefícios extrapolam o seu círculo de convívio e atingem outras muitas pessoas que cruzam o seu caminho, pois a pessoa tende a ter um olhar mais atento ao outro, entendendo que estamos todos interligados e conectados e que nossas atitudes impactam a vida do outro de alguma forma. Somos peças de um grande quebra-cabeça que é o Universo. Cada um importa!