Empatia: um novo olhar

09 de Junho de 2021

Muito se fala sobre empatia, mas pouco se sabe como praticá-la. E isso acontece porque a forma como entendemos a empatia no senso comum nos distancia do que realmente é real na prática.

Vamos ao significado no dicionário. Empatia: Ação de se colocar no lugar de outra pessoa buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias.” “Aptidão para se identificar com o outro, sentindo o que ele sente, desejando o que ele deseja, aprendendo da maneira como ele aprende etc.”

Será que é mesmo possível se colocar no lugar de outra pessoa? E será que se fosse possível estar exatamente no lugar do outro, a experiência vivida seria a mesma? Mesmo que sejam pessoas muito parecidas, que compartilhem dos mesmos valores e dos mesmos desejos, a forma de sentir e de lidar com uma situação sempre será diferente, pois somos seres únicos.

Empatia não é sentir igual, não é estar no lugar do outro, por que nada disso é possível nem real. Mas, e se ao invés de estar no lugar do outro você estiver no lugar COM o outro? Percebe como isso muda o seu olhar para a situação que o outro vive?

Empatia, uma competência comportamental

Assim como diversas outras competências, a empatia pode ser desenvolvida ao longo da vida.

Você já ouviu falar em autoempatia? Eu acredito que só podemos proporcionar ao outro aquilo que desenvolvemos primeiro em nós mesmos. A autoempatia, sob o olhar da Comunicação Não Violenta (CNV), é um processo de descobertas das reais motivações que levam você a agir da forma como age. De que forma você tem conversado com você mesma? Como está a sua autoestima? Como você lida com os seus erros? Você se critica e se violenta ou reflete sobre o erro e entende que ele pode fazer parte do processo de aprendizagem para te ajudar na solução?

A forma como você lida com as suas questões é, provavelmente, a mesma que irá lidar com as questões de outras pessoas. Se você se respeita, pratica o autocuidado e tem um olhar amoroso consigo mesma, fica mais fácil ter esse olhar com o outro também.

E de que forma você pode desenvolver a auto empatia? Se autoconhecendo, prestando atenção nas suas emoções e na forma como você lida com elas. Seja gentil com você. Diminua o seu nível de exigência e respeite os seus limites.

Dê atenção e não menospreze os seus desafios. Se você está passando por qualquer atribulação, ela é importante e pode ter muito a te ensinar. É comum relativizarmos os nossos problemas para nos trazer a falsa impressão de que está tudo bem e que não devemos reclamar, afinal tem muita gente vivendo algo mais desafiador do que nós, não é? Sim, isso é verdade, tem muita gente vivendo grandes problemas, mas isso não nos impede de olhar com cuidado e respeito para as nossas questões. Exercite esse olhar com você. Respeite a sua dor. Quando você aprende a se respeitar, você aprende também a respeitar o outro, da maneira como ele é.

Humildade e Respeito: de mãos dadas com a empatia

Aceite que a sua perspectiva sobre a vida é diferente da outra pessoa. De nada adianta abordar a situação do outro a partir do seu ponto de vista. O ponto em que você está nunca é igual ao ponto em que o outro se encontra.

A mesma situação pode ter interpretações muito distintas. Suas opiniões, seus comportamentos, suas atitudes, seus valores são construídos com a influência da sua família, do ambiente em que você vive e com o que está gravado em sua carga genética, que vem da sua ancestralidade. Esse conjunto de eventos aleatórios forma a pessoa que você se tornou. Isso acontece com cada indivíduo de forma muito particular.

Por isso é tão importante que se tenha humildade e respeito para, muito mais do que ouvir, escutar a história do outro. Ouvir remete ao processo mecânico da audição, enquanto escutar está relacionado a ter atenção plena no que o outro diz.

A escuta ativa é um ótimo caminho para desenvolver a empatia. E como acontece a escuta ativa?

Foque sua atenção no que o outro está dizendo. Não interrompa e não fique pensando, ao mesmo tempo em que o outro fala, no que você vai dizer em seguida.

Deixe os julgamentos de lado. Lembre-se de que a sua história de vida é diferente da do outro. Apenas abra seu coração e escute com atenção.

A linguagem corporal diz muito sobre o que o outro está sentindo quando nos conta uma história. Esteja presente e você aumentará a sua capacidade de percepção sobre o que a outra pessoa está sentindo.

Só comente ou faça perguntas que agreguem à conversa. Deixe que o outro se sinta à vontade e confortável para falar o que sente.

Olhe para dentro de você e perceba qual a sua motivação para ajudar o outro. Você se importa genuinamente com o bem-estar dele? Se sim, siga em frente, abra seus braços e seu coração. Aponte menos o dedo e estenda mais as mãos.

E lembre-se de que cada um tem o seu lugar no mundo. E mesmo que não seja possível se colocar no lugar do outro, é possível ter um olhar amoroso para entender que cada um tem o seu processo para chegar nele.