Autoconfiança: como desenvolvê-la?

10 de Novembro de 2021

Antes de falarmos em como desenvolver a autoconfiança, vamos entender o que está por trás da falta de confiança?

Autoconfiança nada mais é do que a confiança em si mesmo; na sua capacidade de ser e de realizar alguma coisa.

No mundo de cobranças, comparações e competição, é comum que muitas pessoas se sintam inseguras e tenham dificuldade de fortalecer a autoconfiança. Estamos vivendo uma crise coletiva e estrutural de autoconfiança.

A maneira como a sua educação foi conduzida diz muito sobre a forma como você lida com as situações que exigem autoconfiança.

É muito comum crianças e adolescentes ouvirem dos pais / cuidadores frases como “Você não vai conseguir fazer isso!”; “Esse desenho tá malfeito!”; “Que letra horrível!”; “Errou de novo? Não é possível!”; “Desse jeito você não vai conseguir!”, “Olha como o seu amigo faz bem. Você deveria fazer igual.”, dentre muitas outras que minam a autoestima e a autoconfiança dessas pessoas.

As crenças por trás da falta de autoconfiança

No início da vida, quando você precisa da ajuda dos adultos para aprender, desde coisas simples até as mais complexas, é comum desenvolver crenças disfuncionais nucleares, que surgem a partir de necessidades não supridas ao longo do seu desenvolvimento.

O que pode estar por trás da falta de autoconfiança é, dentre outras questões, a crença de desvalor, por exemplo. Essa crença costuma se instalar quando, ao longo da sua infância e adolescência você não se sente valorizado por seus pais ou cuidadores, que deixam de dizer palavras de incentivo em momentos desafiadores, não elogiam as suas conquistas, sejam elas pequenas ou grandes e apontam mais o dedo para os seus erros do que para os seus acertos.

Dessa forma, você se estrutura com base nessas crenças que irão orientar o seu “agir no mundo”. E nesse caso, em que seu desenvolvimento foi marcado pela desvalorização das suas atitudes, a autoconfiança fica enfraquecida e escondida atrás de muitas camadas de crenças que te limitam.

A dualidade do Ego

O ego é como se fosse uma linha que divide o que somos (com todos os desejos e vontades) e o que devemos ser perante a sociedade. E como ele está baseado no princípio da realidade, que é construído pela sociedade, é possível entender de onde vem a dualidade do ego, que para se adequar precisa encaixar as nossas ações em “boas ou ruins”, “bonitas ou feias”, “certas ou erradas”, “adequadas ou inadequadas”, por exemplo.

É a partir desses julgamentos que nascem os preconceitos com os que são diferentes de nós e a aceitação com o que são iguais.

A descoberta da autoconfiança

Você já parou para sentir o que te trava ou te deixar nervosa(o) em situações desafiadoras? Normalmente é o medo do julgamento do outro pela possibilidade de você não atender às expectativas, não é? E se eu te disser que, independente do que você fizer, do quanto você se esforçar, ainda assim você será julgada(o)?

Ou seja, a sua autoconfiança não pode depender da validação de outras pessoas, ela precisa ser construída de dentro para fora.

E como construir a autoconfiança?

O primeiro passo é olhar para dentro e identificar o que te impede de realizar determinadas tarefas. Você realmente acredita que não é capaz de realizá-las ou você está se comparando com alguém que já realiza essa tarefa muito bem?

A comparação com o outro é um dos maiores obstáculos para o desenvolvimento da autoconfiança. A única comparação que pode te ajudar nesse processo de desenvolvimento da autoconfiança é a que você faz consigo mesma. Ou seja, comparar o “você” de ontem com o “você” de hoje. Essa comparação pode ser até um incentivo para que, a cada dia, você dê mais um passo na direção daquilo que te deixa insegura. E ao chegar lá, irá perceber que não era o “bicho papão” que você imaginava.

Um outro ponto muito importante, e que precisa ser exercitado, é a exposição. É preciso experimentar aquilo que te dá medo. Você pode se surpreender com o resultado. Você pode errar? Claro que sim. Mais de uma vez, inclusive. Mas, para fortalecer a sua autoconfiança é preciso se vulnerabilizar. É preciso compreender que existe uma única coisa que nos coloca no mesmo patamar uns dos outros: a nossa humanidade. E se compreendermos isso, fica mais fácil perceber que todos nós erramos e acertamos também.

Permita-se experimentar

Você costuma experimentar coisas novas? Se sim, você dever saber que são essas experiências que nos trazem aprendizados e que, ao longo do tempo fortalecem nossa autoconfiança. Se não, o que te impede de experimentar?

Em muitas situações as pessoas deixam o ego controlá-las e por vaidade, perfeccionismo e até mesmo arrogância, perdem oportunidades incríveis de aprendizado, de novas conexões e de novos olhares. E tudo isso, ao invés de fortalecer a autoconfiança, as afasta ainda mais dela.

A responsabilidade pelo desenvolvimento da sua autoconfiança é sua, mas ninguém consegue construi-la sozinho. Você precisa se relacionar para se desenvolver. As experiências mais enriquecedoras que temos na vida são as dos relacionamentos. Eles são como bússolas que nos mostram se estamos seguindo na direção certa ou se estamos fora de rota.

Caminhando na direção da autoconfiança

Existem algumas ações que podem te ajudar a caminhar rumo à autoconfiança. Essa é uma experiência individual, é claro.

Enalteça as suas vitórias e aprenda com os seus erros. Evite colocar holofote no que deu errado. É importante identificar onde você errou para corrigir. Mas acima de tudo entender que erros nos lapidam e nos fortalecem para os acertos.

Aceite a impermanência da vida. Você não terá controle sobre a maioria dos acontecimentos da sua vida. Aprenda a lidar com imprevistos. Isso fortalecerá sua autoconfiança.

Exercite a humildade. Todos nós somos aprendizes. Temos muito a ensinar e muita aprender uns com os outros. Todo ser humano é único e sempre terá algo para agregar na sua vida. A humildade abre portas para novas experiências. Novas experiências elevam a autoconfiança.

O medo não te dá trégua? Mostre que ele tem lugar na sua vida, mas que não irá te paralisar. Vai com medo mesmo! Ao realizar o que te dava medo, você reforçará sua autoconfiança.

Faça o melhor que você puder com o que você tem hoje. Você tem as melhores ferramentas, pode acreditar!

Filtre as opiniões dos outros. Elas até podem ser importantes em alguns momentos, mas não podem guiar as suas escolhas. Lembre-se, você é o(a) condutor(a) da sua vida.

Caminhe com empatia e compaixão. Essa dupla te ajudará a ter um olhar cuidadoso com o outro. E esse olhar pode ser o combustível que ele precisa para fortalecer sua autoconfiança.

E como disse John Demartini, “quando a sua voz e a sua visão interior forem mais profundas, nítidas e audíveis que qualquer opinião externa você terá, enfim, dominado a sua vida.”