A palavra automóvel vem da junção de duas outras: autós, do grego, que significa “por si próprio” e mobilis, do latim, “mobilidade”. Descreve algo que se move por conta própria. O automóvel que nos transporta de um lugar a outro está prestes a chegar nesse nível, mas ainda precisa de alguém que o conduza e o mantenha em bom funcionamento, ao contrário de nós, seres humanos.
Apesar de sermos os mamíferos que mais dependem de cuidadores para sobreviver e se desenvolver, quando saudáveis física e mentalmente, a partir de certa idade, passamos a nos deslocar por nós mesmos e, a cada ano, a ganhar mais independência e livre-arbítrio para agir na vida. No entanto, muitas vezes continuamos a nos igualar a um automóvel, no sentido de esperarmos que outros cuidem de nós, assim como também façam e decidam por nós, chegando até mesmo a culpabiliza-los pelo que não dá certo. A escolha por esse caminho, pode parecer mais conveniente e fácil, mas com o tempo, suas consequências costumam não ser nada agradáveis.
Carregamos uma potente máquina chamada cérebro, com circuitos elétricos perfeitos, que nos permite viver emoções, pensar e agir. Somos um organismo composto por corpo, mente, espírito e uma inteligência inigualável.
O que dizer da nossa existência?
É um presente. E como um presente, cabe a nós aceitar, agradecer e cuidar dela para que possa se manifestar plenamente.
Quantas vezes damos mais valor e atenção a algo material ou a outros, do que a nós mesmos?
Entre os bilhões de humanos deste planeta, não há ninguém igual. Somos inéditos, peça única, um fenômeno espetacular!
E por quê? Qual a razão dessa unicidade?
Cada um tem seu valor e papel no mundo. Para exercê-lo, precisamos, antes de tudo, abrir caminhos para, então, acessar a matéria-prima que está em nós e poder oferece-la genuinamente, construindo relações e ações significativas.
Portanto, é nossa a responsabilidade de nos conhecermos, nos cuidarmos e colocarmos em ação talentos, limites e desafios.
Tomar consciência de si é se apropriar de todo o potencial que se revela através do corpo, da mente e das emoções a seu favor. O resultado desse processo é o encontro com o sentido da vida, que não só traz uma paz de espírito interna, como contribui para o seu entorno. Afinal, um carro em mal estado, quando enguiça, congestiona o tráfego ou causa um acidente com sérios danos.
O poder de nos autoconhecer é um bônus que vem de fábrica, além de todas as conexões perfeitas que se manifestam em nosso organismo. “Torna-te quem tu és” é o maior presente que podemos nos dar e fazer juz à nossa existência. É um processo que não precisa ser solitário, porque possuímos outra capacidade, a de pedir ajuda. Muitas vezes não o fazemos baseados em crenças que nos limitam, mas com o autoconhecimento, várias delas têm os seus dias contados.
Nós não apenas carregamos um tesouro, nós somos um e fazemos parte de uma rede.
Fica aqui uma pergunta: o automóvel foi desenvolvido para transportar e você? Está a serviço de quê?